ARTIGO=MÚSICA É TUDO OU O CONTRÁRIO
A música é tudo, ou, pelo contrário,é apenas um pretexto.A música só existe em função do indivíduo ou é o contrário.Perguntar quem apareceu primeiro é tão complexo quanto propor quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha.A música está tão profundamente enraizada na natureza humana que é provavelmente anterior a própria humanidade.
Hoje em dia ninguém mais duvida que o mundo é grande e que se estende até muito longe além da América do Sul e a América do Norte, da Itália e da Grécia, etc.Tudo quanto se acha além desses limites escapa na maioria das vezes ao nosso interesse.Existem porém países muito mais antigos que se chamam China e Índia e também povos que, embora sem história escrita, tem entretanto um longo passado atrás de si, no qual viveram, lutaram, aprenderam e por conseguinte fizeram música.Não devemos considerar nossa forma de música como a única, mas como uma dentre muitas outras.
UM POUCO DA LINGUAGEM MUSICAL E A SUA EVOLUÇÃO
A linguagem musical permite o diálogo de homem para homem, não com a ajuda de noções inelegíveis, mas diretamente pelo sentimento.
Uma alegria criadora involuntária ferve na arte, uma exaltação da alma, que leva o artista acima da monotonia cotidiana, a um mundo de beleza, de sublimidade, de alegria e de tristeza, a um mundo exempto de alvides e de egoismo, em que o coração bate o ritmo da vida.
A música como em qualquer outra arte, precisa contar com a satisfação que proporciona aos que praticam.Mas o artista não está só.Sua profunda experiência psíquica desperta um eco na sensibilidade.É aí que residem a essência da arte, sua verdade autêntica.
O sentimento estético, que passa por cima de todas as fronteiras e diferenças raciais, exprimem a natureza particular da música,é preciso, contudo, prevenir-se contra a crença de que esse sentimento seja o único elemento dela.
Pela melodia, harmonia e ritmo, o músico e o espectador inserem diversos outros valores humanos, estes se fundem com o sentimento estético num todo indissolúvel, muito mais eloquente do que cada elemento isoladamente.
Se uma determinada composição musical antiquíssima nos parece por vezes grotesca,é precisamente porque ignoramos quase tudo das concepções que permitiriam aprender seu conteúdo espiritual e por isso só podemos fazer uma simples estimativa estética que, para os próprios compositores da música em questão, não era senão um elemento isolado num feixe de sensações.
Quanto mais baixo se está na evolução intelectual, mais a concepção estética passa para uma segundo plano.
Os povos primitivos esquecem-se de si mesmo pelo canto e pela dança,a tal ponto que repetem durante horas as mesmas palavras e os mesmos sons.Alias, a repetição psicologicamente são importantes pelo fato de que associa a ideia à recordação e à expectativa.
Entre os povos primitivos, não se pode separar a música e a dança.No curso de reuniões, enchem a alma primitiva de um sentimento de comunidade.Isto atinge um ponto de verdadeira embriagues durante as grandes festas, em que as alegrias e os sofrimentos de toda a comunidade são expressos em sons, palavras e movimentos.
Na vida cotidiana, o tédio embrutecedor do trabalho é destruído pelos ritmos contínuos dos movimentos, que conduzem aos cantos e as danças de trabalho.
É o ritmo que integra o som em trecho musical, também os intervalos e a possibilidade de transpor em diversas tonalidades, por outro lado também muitas línguas tem já em si mesma um começo de música.Nas línguas siamesa,chinesa e em muitas línguas africanas,a altura do som tem uma significação tão decisiva para a pronúncia e a compreensão quanto o acento em alemão ou a lonjura do som em esqimó. Temos toda a razão de crer que nas antigas línguas esse acento musical era ainda mais marcado e muito provavelmente deixou traços na linguagem por exemplo do tambor graças à qual diversas tribos da África e da Melanésia podem manter diálogo através de inúmeras extensões de florestas virgens.
Na Europa,a unidade de medida do compasso está dividida em dois ou quatro subgrupos,isto é:2+2+2+2,o mesmo acontece no Extremo Oriente,na Indonésia e na América,ao passo que na Índia,na Asia Ocidental e na Africa se utilizam períodos de longuras desiguais,por exemplo:3+3+2.Os intervalos dos sons são raramente os mesmos que os nossos.Em muitos casos dependem da equidistância como ocorre entre os Javaneses e os povos Thaí,que dividem a oitava respectivamente em cinco ou seis intervalos equidistantes.
A impressão que estas diferentes espécies de música produzem são muito interessantes.A música melanésia por exemplo causa uma impressão suave e fluida,já a música africana é impulsiva e febril.Em contrapartida, a música da índia progride tranquila e pateticamente, a melodia penetrante dos chineses se opõe a música melodicamente modulada das tribos malaias.
Resumindo, chegamos ao conceito de que povos de todas as épocas em todo o mundo tiveram com a música o desejo de comunicação com a tendência de tornar inteligível aquilo que cumula o sentimento.